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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

MANOEL BEZERRA CORREA DE OLIVEIRA

 

Nasceu no sítio Caipe, em União dos Palmares, Alagoas, Brasil, e faleceu em Mato Grosso em 1920.
Formando-se em Direito, em Recife, como advogado e magistrado estivera sempre à margem da realidade destas duas profissões.
Atraído um dia, como todos os adolescentes, pelo prurido das viagens, aventura-se até Mato Grosso. Porém, roído de saudades de seu recanto natal, viera ao seu socorro uma providencial revolução — que o fizera retornar ao seu mundo encantado de Caipe.
Foi um profissional da pena, mas porfiara na imprensa, espalhando ideias sadias, conceitos políticos elevados, embora utópicos. Como importante sonhador, pouco fizera na vida prática. Suas produções poéticas são raras; mas tudo o que saiu de sua imaginação foi forjado na pura beleza da forma.
É patrono da Academia Alagoana de Letras.

 

 

AVELAR, Romeu de.  Coletânea de poetas alagoanos.  Rio de Janeiro: Edições Minerva, 1959.  286 p.  ilus.  15,5x23 cm.  Exemplar encadernado.  Bibl. Antonio Miranda

 

 

        CARTA ABERTA

Miss Mabel: depois que a senhora partiu,
Torva, em torno de mim, funda saudade erra.
E creia, desde então minha alma se cobriu
De mais sombra talvez do que o céu da Inglaterra.

Nunca a ausência de alguém, alguém como eu sentiu!
Na memória em revê-la o meu viver se encerra;
E a miss nem sequer pensará que me viu
Nalgum canto talvez escondido da terra.

Entretanto, eu conservo a vívida lembrança
Desse tempo que amei, mesmo sem esperança,
Como a concha conserva o sussurro do mar.

E vivo desse amor que me encheu toda a vida,
Embora seja a miss a Terra Prometida
Onde eu — novo Moisés — nunca possa chegar.



ESTRANHO DESEJO

Na luminosa paz de uma tarde de agosto,
Quero morrer contente e baixar satisfeito
Às entranhas da terra — esse macio leito
Que me espera. E ninguém notará no meu rosto

Nem por sombra sequer a sombra de um desgosto,
Nem a mágoa cruel de algum sonho desfeito.
E descerei assim ao meu sepulcro estreito,
Quando a tarde tombar às horas do sol-posto.

Depois, por sobre mim, a escuridão da noite
Há-de cair, eu sei, e a música sagrada
Nos ciprestes terei dos ventos pelo açoite.

E então, lá no azul, muito longe e sem cúmulos,
A lua prateará minha santa morada,
Iluminando a terra e a brancura dos túmulos.



HERESIAS

Donde vim? Aonde vou? Não indago e nem quero
Saber, depois de morto; o que serei então.
Morrer, tenho a certeza; apodrecer espero
Ou em cima da terra, ou de baixo do chão.

Até hoje não fui tão mau como foi Nero,
Nem tão pouco fui como o grego Platão.
Tenho tido o valor deste algarismo: — Zero.
Cifra sempre precisa em qualquer solução.

Que me importa o passado? É dúvida o futuro.
Só me resta o presente. É gozá-lo. Epicuro
Assim recomendou. O resto são banais

Crenças, superstições. Homem, sê forte, espera!
A morte, essas não é nenhuma vã quimera
E não queira saber donde vens e aonde vais.



TÊTE-A-TÊTE

       Pois que chegaste, pomba doce e viúva,
Por este inverno glacial de outubro,
Sem medo ao vento, sem temor à chuva,
Sem ter no céu a luz de um poente rubro,

Deixa que eu mesmo, Flor, te desperte
As roupas aromais de crepe lindo!
E aqueça o seio que tu tens inerte
Nesse meu beijo apaixonado, infindo!

Vieste de pés magoados da viagem
Para o meu triste solitário albergue!
Sejas tu minha única paisagem,
O canto astral do céu que eu veja e enxergue ...

Lá fora, uivando, uma invernia brava
Entre árvores ulula.. Ouves, condessa?
Ah! que doçura ter-se uma alma escrava
Que nos embale e que nos adormeça!

Sonhar sob esse pálio peregrino,
À sombra dos teus olhos repairando!
Ouvir o sopro místico de um hino
Da tua voz, no leve arfar vibrando!

Condessa, a noite nesses teus cabelos
Crepusculeja aos poucos minh´alma.
Meu sono é calmo; não tem pesadelos!
Como este sono é doce a noite calma!

Que uivem lá fora, desencadeados,
Os ventos, como singular matilha!
Não me dá penas, nem me dá cuidados!
Que nos importa a nós o vento, filha?

Enlaço-te, amoroso. És minha! és minha!
A tua pele branca é tenda airosa!
Desafio a que fujas, andorinha,
Astro, a que apagues! a que murches, rosa!

 

 

*

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Página publicada em junho de 2021


 

 

 
 
 
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